quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

Discriminação da Mulher na Sociedade

Há quem fale de um movimento feminista ao longo dos tempos que se consolidou nas décadas de 30 e 40. Mesmo que a palavra “feminismo” seja exagerada, a verdade é que muita coisa mudou. A mulher foi sempre considerado um ser inferior. A reprodução, o trabalho doméstico, tomar conta dos filhos, eram as únicas funções que estavam implícitas ao papel feminino. O direito ao voto, ingressar nas instituições escolares, trabalhar fora de casa, por exemplo, foram vitórias conseguidas apenas nas décadas de 30 e 40 do século passado, embora longe dos padrões de hoje em dia. A partir dessa data, as mulheres passaram a gozar de outra liberdade, até então negada, ainda que distante dos seus reais desejos de vivência social. A II Guerra Mundial teve uma particular importância para a expansão da importância dada ao papel feminino no mundo laboral. Com os homens a partirem para a guerra, houve necessidade de encontrar novos meios de sustento que pudessem preencher as lacunas económicas dessa época. Por isso, a presença da mulher no mercado de trabalho tornou-se muito mais do que uma mera hipótese. Já que os homens partiam para a guerra, as mulheres tinham que assegurar o sustento e o evoluir da economia, não só do país, como para sua própria subsistência. A mulher assume, assim, uma importância vital que até essa altura estava totalmente camuflada.O fim da guerra vem novamente cavar um fosso entre os papéis do homem e da mulher na sociedade. Assim, à mulher são novamente atribuídas as funções do lar, por forma a que o homem possa ocupar o seu papel laboral. Uma vez mais, a desvalorização do trabalho da mulher fora de casa é evidenciada e o homem assume o papel de sexo forte. Aliás, essa luta de forças entre homens e mulheres foi sempre uma constante, havendo sempre uma necessidade do homem se definir como ser superior à mulher. Só mais tarde, na década de 60, as mulheres voltariam a assegurar o seu papel na sociedade, ainda que limitado, e atingir metas às quais há muito tempo se haviam proposto. A década de 60 ficou marcada por uma ampla reflexão do papel das mulheres na sociedade, bem como a análise das raízes das diferenças entre os sexos, não só na sociedade geral como também ao nível de classes sociais. Transportaram-se para a realidade novas formas de luta que até então tinham existido apenas na teoria, e a própria informação veiculada pela escrita, media e literatura, contribuiu bastante para que a análise a essas diferenças chegasse a todos. Na literatura, houve diversas escritoras que não hesitaram em escrever sobre o tema, o que fez com que tamanha proliferação do assunto originasse aquilo a que se veio chamar de movimento feminista. Na realidade, tratava-se apenas de libertar a mulher do rótulo de antigamente!As diferenças sexuais, laborais, sociais, e a discriminação em relação às mulheres nos diversos campos da sua vida, tornou-se assunto da praça pública. Analisou-se também o papel da mulher em diversos locais do mundo, e chegou-se à conclusão que a libertação em determinadas zonas do mapa seria bem mais complicada do que em outros locais. Aliás, ainda hoje a mulher continua aprisionada como é o caso do Afeganistão, onde a mulher é tratada de forma repugnante. Mas, os limites da liberdade entre homens e mulheres nunca foram idênticos, e essa é uma realidade que não podemos ignorar!Ainda que de uma forma camuflada, a discriminação à mulher a determinados cargos políticos e laborais, à esfera sexual, aos prazeres sociais, à sua beleza e cuidado do corpo, continuava a ser uma meia verdade, mesmo com a expansão daquilo a que chamaram de movimento feminista. As informações médicas relativamente ao corpo feminino eram escassas, conceitos como menstruação, gravidez ou menopausa eram ainda pouco explorados, e a mulher acabava por não se precaver, nem compreender muitas das transformações físicas e psicológicas que ocorriam em si. A própria existência de critérios relacionados com o desempenho sexual de homem e mulher foi outro ponto a debater, uma vez que ao homem foi sempre atribuído um papel activo e à mulher uma função passiva. O facto do homem ter mais do que amulher era visto como uma indício de masculinidade, mas à mulher era automaticamente colocado um rótulo de promiscuidade.Em todas as áreas que fazem parte do quotidiano, notava-se sempre uma discriminação do papel da mulher: na comunicação, artes, literatura, publicidade, no trabalho e no próprio dia a dia. No campo laboral, muitos eram ainda os cargos destinados somente às mulheres, enquanto que o homem podia gozar de uma diversidade de funções laborais. A ideia de “trabalho de mulher” e “trabalho de homem” foi-se desmistificando aos poucos, mas ainda hoje é possível encontrar-se essa distinção. Actualmente, o trabalho doméstico é ainda uma função que compete à mulher, enquanto que o homem resume-se a trabalhar fora de casa. Neste campo, notaram-se ligeiras diferenças, uma vez que em alguns casos o homem já ajuda a mulher, mas encontrar homens que desenvolvam sozinhos o trabalho doméstico é mera utopia, enquanto que o contrário ainda continua a existir em grande número. No final do século XX, mais precisamente em meados dos anos 80, todas estas pequenas revoluções ganharam outro significado. As mulheres têm vindo a ganhar território em muitas áreas, mas ainda não o suficiente para que se possa afirmar que existe uma igualdade entre sexos. Aliás, o acertado seria não haver uma distinção de sexos, mas sim afirmar-se, de uma vez, a ideia de que existe um único ser, quer seja homem ou mulher, com os mesmo deveres e direitos. E, se chegámos até aqui, talvez seja possível atingir esse patamar. Afinal, as utopias, por vezes, tornam-se doces realidades!


quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

Discriminação Sexual

Segundo as Nações Unidas, as mulheres ainda não atingiram a igualdade real em nenhum país do mundo. A ratificação da Convenção para a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação contra as Mulheres ainda não foi feita em cerca de 90 Estados. No mundo há mais igualdade a Norte – onde se localizam a maioria dos países desenvolvidos – do que a Sul – onde se registam os maiores índices de desigualdade (África e na Ásia Meridional).
Antigamente, o papel da mulher na sociedade resumia-se à casa e à família. A sua educação era orientada para esses fins e não para o seu desenvolvimento pessoal e profissional. Começa a nascer a ideia de que uma mulher inculta não saberá educar os seus filhos, surgindo quem defenda que ela também deve ser educada. É através da educação que a mulher começa a exigir uma participação interveniente na sociedade, exigindo em primeiro lugar o direito ao voto, ou seja, escolhendo quem a represente. Após este passo, ela sente necessidade de ser ela mesma a representar os seus próprios interesses - a mulher pretende transformar a sociedade da sua época.
Durante a Segunda Guerra Mundial (quando os homens tiveram de ir combater), elas assumiram os postos de trabalho que ficaram vagos, assim como aqueles que foram criados para sustentar a guerra (armamento, fardas, etc.). O lugar do homem na família ficou ocupado pela mulher – as decisões do “chefe de família”, tal como o seu sustento. Terminada a guerra, a mulher não quis “voltar” ao seu lugar de sempre. Nos anos 60 surgem os movimentos feministas, que apesar de certas atitudes radicais, como a queima dos soutiens, precipitaram o processo da emancipação da mulher na sociedade e como ser humano completo.
À medida que as mulheres iam conquistando direitos e caminhando para a igualdade, consciencializaram-se que em grande parte do mundo eram e ainda são cometidas bárbaras formas de discriminação contra as mulheres. Vão surgindo organizações internacionais com o intuito de com­bater as situações antes referidas, e a própria ONU promove o debate e a procura de soluções para estes problemas.
No sentido de combater este tipo de descrimi­nação estão a ser criadas estruturas que apoiem a mulher a alcançar os seus direitos. São exemplos dessas estruturas as creches e infantários, com o intuito de “libertar” a mulher da obrigação de cuidar dos seus filhos, podendo assim dedicar-se a outras actividades, como a carreira profissional; a requalificação profissional, para que possa aceder a melhores empregos; o incremento da educação sexual, visando um melhor planeamento familiar assim como um melhor conhecimento de ela própria.
Qualquer forma de discriminação é uma violação dos direitos humanos. Em relação à discriminação sexual podemos afirmar que esta afecta metade da população humana, as mulheres. Em consequência destas atitudes, acabamos por desaproveitar muitas capacidades humanas, formando assim uma barreira / obstáculo ao desenvolvimento e evolução da humanidade. Ao discriminarmos os sexos contribuímos para o retroceder de muitos dos nossos valores e pensamentos, ou seja, contradizemos aquilo em que acreditamos através das nossas acções.
A forma mais eficaz de parar de vez com a discriminação é, sem dúvida, através de uma medida radical que vise a alteração das mentalidades. Para isso há que reflectir um pouco sobre a nossa postura no dia-a-dia. Segundo Fernanda Mateus, membro da Comissão Política Organização das Mulheres Comunistas: “É que nós mesmos, os que temos um pensamento e valores que apontam para a igualdade de direitos e participação das mulheres, assumimos muitas vezes atitudes que se distanciam dessa nossa maneira de pensar, acabando por veicular e perpetuar situações de discriminação e até de minimização do papel das mulheres na sociedade… Mas essas mudanças têm de ser acompanhadas de um “pensamento mais activo”, que questione o modo como concretizamos, na prática, os nossos valores.” Veja-se o exemplo do referendo sobre a interrupção voluntária da gravidez, um tema que exigia reflexão e tomada de uma posição. O resultado revelou que em Portugal ainda há um nítido atraso das mentalidades no que diz respeito a este assunto, a maioria dos portugueses não assumiu uma posição, não reflectiram ou ponderaram bem sobre esta questão.
Como Odete Santos, deputada do PCP, refere: “A democracia é a maior amiga das mulheres porque é através da democracia que se conquistam os direitos.” O regime democrático, associado ao conceito de liberdade, é o meio mais eficaz para a obtenção de direitos; o povo democrático pode pronunciar-se, exigir direitos, baseando-se na igualdade entre todos os cidadãos.
A situação que perdurou por muitos séculos, ao homem cabia a esfera pública e à mulher a esfera privada, não faz sentido no mundo contemporâneo. A mulher, hoje em dia, luta pela obtenção de todos os seus direitos, incluindo o da sua felicidade.
A solução para a eliminação da discriminação sexual não passa pela guerra dos sexos, mas sim pela alteração das mentalidades e pela partilha mais equilibrada entre homens e mulheres, tanto no sector profissional como no sector privado.
Todos nós devemos fazer um esforço para no nosso dia-a-dia eliminar do nosso comportamento todas as atitudes discriminatórias contra os outros, de forma a evoluirmos e criarmos um mundo mais justo e mais livre para todos.